11 de mar. de 2010

O castelo à beira mar, a princesa que nele havia, seu pai - o rei - e o mar propriamente dito


Há vinte anos fechada na torre mais alta de um alto castelo
Havia uma linda princesa de longos cabelos vermelhos e belos
Seu pai o mais poderoso de todos os reis da então monarquia
Trancara a filha mais velha e à margem do mundo a princesa vivia

De tanto olhar para o mar que era a vista de sua prisão
A bela princesa sentiu pelo imenso azul uma imensa atração
Da torre mais alta que havia tão longe do caos e da devassidão
A princesa saltou para o mar e o mar consumou a sua paixão

E ao perceber que a filha pulara à morte sem nem exitar
O rei tirano monarca decidiu uma guerra ao mar declarar
Morreram baleias e peixes morreram as algas e os golfinhos
Morreram os tubarões as focas sereias e os leões marinhos

E depois da calamidade reprovada aos olhos da sociedade
O mar vermelho de sangue fora derrotado pela crueldade
E o rei glorioso sentava no alto da torre e ao mar prometia
Vermelho pra sempre seria da cor dos cabelos da finada filha

Texto e ilustração: Jeff Santanielo
**breve em audiodrama**

Cansei



cansei

De ter opinião,

Era tanta que não tinha como fechar os olhos.

Elas vinham correndo atrás de uma colocação baseada, preparada… ada… ada…

Daí os pensamentos começaram a se enciumar.

Para que tanta opinião, elas ocupam tanto espaço.


De então, sou da seguinte opinião:

Crio opiniões e vendo a preço inopinável no mercado.


Opiniões adversas a esta, são genéricas.

Originais mesmo, só as minhas.


Mas não me peça.

Apenas vendo!

Hahahahaha!

Cansei.


Texto: Angélica Zignani. Ilustração: Jeff Santanielo.

5 de mar. de 2010

Daí


Daí um dia você acorda e descobre que está sozinho.
Descobre que todos se foram,
e que todas as coisas (que não se pode tocar) desapareceram.

Não há mais amigos, mãe, pai, irmão.
Não há mais avós, tios, afilhados.
Não há nada mais.

Daí você descobre que tudo não passou de uma brincadeira de mau gosto.
Tudo o que é intenso, tende a evaporar.
E essa lição você já deveria ter aprendido.

E lágrimas. E amor. E amizade. E lealdade. E culpa.
Tudo isso tem um dedo de burrice.

O pessimista vai blasfemar, espernear, gritar, tomar anti-depressivos, gritar, blasfemar mais um pouco, tomar anti-depressivos com alguma bebida alcoólica, fazer alguma besteira, gritar, ligar para as pessoas, blasfemar novamente, parar de tomar anti-depressivos e domir por três dias seguidos.

O otimista vai fuçar na velha caixa de fotografias, sorrir e pensar: “valeu a pena”.

Daí vem a pergunta que todos tememos,
Tememos porque, por maior que seja o ocorrido,
alguém sempre será indiferente em relação à ele.

- E daí? - pergunta.

Para esta pergunta não há resposta.
Texto e ilustração: Jeff Santanielo.